A Acumulação do Capital Europeu
Colonizar para subvencionar a acumulação do capital europeu era a única razão da ação colonizadora. E a imperiosidade desta ação não se limitava apenas ao domínio econômico e geográfico. Sobretudo, a colonização cumpriu com uma das estratégias mais cruéis de dominação jamais vista na História, a escravidão, que reflete, até nossos dias, dramáticas conseqüências para o equilíbrio e o desenvolvimento da ordem social no mundo inteiro.
De súbito, capitalismo, escravidão e colonização são vagões semelhantes do mesmo trem. Aliás, o surgimento do capitalismo na Europa é resultado do processo de acumulação que deriva da economia estabelecida, a rigor, no continente americano, através das estruturas criadas com a colonização. E essa lucratividade só era garantida com o trabalho escravo.
O Brasil se adaptou perfeitamente a essas condições. O tráfico de escravos se tornou uma das fontes de maior lucratividade da engrenagem colonial. É impossível perceber o Brasil de hoje sem antes compreender as questões morais da escravidão e da ação devastadora da colonização. A estrutura social brasileira tem suas raízes orgânicas na personificação dessa cultura da opulência e nas subseqüentes readaptações do sistema.